Pensamento positivo funciona? O que dizem as pesquisas?

Desde os anos 20, terapeutas tentam nos convencer de que as afirmações positivas são o segredo do sucesso. Será que é mesmo possível ficar milionário, perder peso ou encontrar a felicidade com pensamento positivo? Ou isso é conversa fiada para vender livro de autoajuda? Descubra o que a ciência tem a dizer sobre o assunto.

1. Pessoas otimistas sofrem menos de doenças cardíacas

Uma pesquisa realizada na Universidade de Duke (EUA) monitorou um grupo de 2.618 homens e mulheres que passariam por uma angiografia. Os pacientes responderam um questionário sobre suas expectativas para o futuro e para sua saúde. 15 anos depois, os pesquisadores constataram que as pessoas que pensavam positivamente na época tinham 24% menos chances de morrer de doenças cardíacas.

Outro estudo, realizado em Boston, analisou durante 12 anos a capacidade de um grupo de voluntários de controlar emoções positivas e negativas. Entre o grupo dos que tinham bom autocontrole, apenas 6% sofreram ataque cardíaco ou morreram de doenças cardiovasculares. Já entre as pessoas que se deixavam levar por emoções negativas, essa taxa foi de 14%.

2. Pensamento negativo provoca doenças

Segundo a terapeuta especializada em vícios, traumas e distúrbios do humor Lauren Robins, em estudo publicado na revista Massage Today, qualquer pensamento é capaz de alterar a composição química do corpo em 20 segundos.

Sustentar pensamentos negativos prejudica a lucidez do raciocínio e enfraquece o sistema imunológico, facilitando o aparecimento de doenças.

Na mesma linha, a dra. Caroline Leaf (neurocientista cognitiva) defende que entre 87% e 95% das doenças da vida moderna são causadas pela mente. Os compostos químicos tóxicos liberados pelos pensamentos negativos disparam o gatilho para a liberação de hormônios e reações químicas capazes de causar desde asma e alergias até diabetes e câncer.

3. Você é o que você pensa

Pensamento positivo funciona?

O dr. Joseph Dispenza apurou em vários estudos sobre o funcionamento do cérebro que o livre arbítrio nos permite o total controle dos nossos pensamentos e emoções. Os pacientes que mais apresentam melhora no quadro de saúde são os que vivenciam uma mudança de mentalidade.

Pelo motivo explicado no item acima, se a pessoa tem pensamentos positivos, estimula a produção de neurotransmissores que a fazem sentir-se feliz. O mesmo vale para a raiva, medo, rancor ou insegurança: foque nestes sentimentos, e você se sentirá exatamente assim.

4. Otimismo evita a depressão

Você já deve ter ouvido falar do livro Pollyanna, em que a personagem principal brincava com o “jogo do contente”. A única regra do jogo era encontrar alguma coisa positiva no meio de toda adversidade, e o resultado era que a menina realmente estava sempre feliz, mesmo levando uma vida terrível. Cem anos após a publicação do livro, os pesquisadores admitem que Pollyanna estava certa.

Para Edward Jones, psicólogo da Universidade Princeton, nossas expectativas não afetam apenas a maneira de perceber a realidade, mas também modificam a própria realidade.

Martin Seligman, pesquisador da Universidade da Pensilvânia, realizou diversos estudos com pessoas e animais e baseou-se neles para escrever seu livro “Aprenda a ser otimista”. Nele, Seligman explica que pessoas pessimistas tendem a interpretar qualquer fracasso como uma incapacidade pessoal que os acompanhará por toda a vida, o que fatalmente leva ao desenvolvimento da depressão. Já os otimistas acreditam que erro são ocasionais e podem ser remediados.

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5. Efeito placebo: menos medicação, mais mudança de atitude

A neurocientista Helen Mayberg realizou uma pesquisa no ano de 2002 e descobriu que comprimidos inertes produzem no cérebro de pessoas deprimidas o mesmo efeito que os antidepressivos convencionais.

Ela percebeu que o resultado era parecido com o da terapia cognitiva comportamental, que ensina a mudar a forma de pensar e perder o hábito de enxergar todo pequeno problema como uma catástrofe irreversível.

Já em um estudo realizado na Universidade de Toronto, enquanto parte dos pacientes recebiam antidepressivo, outros eram tratados com terapia cognitiva comportamental. Após a melhora no quadro, os pacientes passaram por novos exames e foi constatado que a ação dos pensamentos positivos no cérebro foi mais benéfica do que a dos medicamentos tradicionais, com a vantagem extra de não causar efeitos colaterais.

6. Positividade mantém a pressão arterial baixa

Diversos estudos científicos sugerem que a autoafirmação é capaz de manter a pressão arterial em níveis saudáveis.

Um deles, realizado na Universidade do Texas e publicado na revista Psychosomatic Medicine, entrevistou 2.654 pessoas de idades variadas. Foi aplicado um questionário em que as pessoas deviam atribuir notas às suas emoções positivas numa escala de 0 a 12. O resultado observado foi que quanto maior a pontuação do voluntário no teste, mais baixa era sua pressão arterial.

7. Pensamento positivo leva à mudança de hábitos

Uma análise realizada na Universidade de Manchester examinou 41 estudos sobre autoafirmação e concluiu que as afirmações positivas induzem à autoaceitação e à mudança de comportamento.

Isso funciona especialmente nas situações relacionadas com atividades de risco para a saúde, como por exemplo quadros de obesidade. Afirmar o quanto maus hábitos alimentares podem danificar seu organismo facilita uma tomada de atitude para mudar de hábitos.

8. Pessoas otimistas lidam melhor com o stress

Estudos realizados na Universidade Carnegie-Mellon (EUA) descobriram que pessoas otimistas são menos afetadas pelo estresse.

Isso ocorre porque quando os otimistas passam por uma situação desfavorável, tendem a manter uma postura proativa, elaborar um plano de ação e buscar ajuda e aconselhamento em vez de ficarem se lamentando.

Já os pessimistas se convencem de que não têm o poder de mudar o que os incomoda, permanecendo mergulhados no problema.

9. Pessimistas perdem a saúde mais cedo

Um trabalho conjunto dos psicólogos Martin Seligman (Universidade da Pennsylvania), Christopher Peterson (Universidade de Michigan) e do psiquiatra George Valliant (Escola Médica de Darthmouth) acompanhou a vida de 99 veteranos da II Guerra Mundial, todos ex-alunos da Universidade Harvard, submetendo-os a exames e entrevistas a cada cinco anos.

Os pesquisadores constataram que os homens que eram otimistas na época da faculdade mantinham-se saudáveis por mais tempo, enquanto a saúde dos pessimistas se deteriorava rapidamente após os 45 anos de idade.

Entre as prováveis causas estão a maior incidência do consumo de álcool e tabaco, a negligência da própria saúde, a falta de exercícios físicos e a baixa imunidade, características típicas das pessoas que passam a vida alimentando sentimentos negativos.

10. Pensamento positivo funciona, mas não sozinho

Alguns estudos questionam a eficiência das autoafirmações. Segundo a psicóloga canadense Joanne Wood, repetir afirmações positivas beneficia as pessoas que já têm autoestima alta, mas não funciona tão bem para pessoas depressivas.

Ela e sua equipe pediram que voluntários repetissem frases como “eu sou uma pessoa amável” e “eu aceito a mim mesmo completamente” e depois mediram o humor e os sentimentos dos participantes com relação a si mesmos. Enquanto as pessoas com boa autoestima se sentiam melhor com as afirmações, quem tinha a autoestima baixa experimentava sentimentos contraditórios, pois apenas repetia algo em que não acreditava. Consequentemente, o humor piorava em vez de melhorar.

A conclusão da equipe foi que as autoafirmações apenas funcionam se forem inseridas em um programa de intervenção mais amplo, como psicoterapia cognitiva ou coaching comportamental.

Steven Anthony, psicologo, life coach e terapeuta Dicas escritas por Steven Anthony, Life Coach, Psicólogo e Terapeuta da Life Terapias (Guarujá, SP). 

Artigo original: www.lifeterapias.com.br